Desabafo


 Nao sou exemplo de nada e nem melhor que ninguém.
 Sou uma trans que tive e tenho o privilegio de ter uma família que me amou e me ama.
 Parece mentira mas muitas de nos TRANS , temos esse direito negado pelos próprios genitores.
 Tive o privilegio de ter acesso ao trabalho porque meus pais ajudaram... E muitas de nos são lançadas fora de casa quando assumimos ser TRANS.
 PARA família é difícil porem para nos as estáticas de suicídio nos perseguem,depressão  nem mesmo temos privilégio de ter isso ,porque nos é negado o direito de tomar fluxetina.
 Eu tive acesso a universidade porque meu pai sempre me qualificou, viu que eu era vulnerável porem são raríssimas essas ajudas... Geralmente pais jogam para fora e tiram da suas vidas seus bens mais valiosos ,que são suas filhas.
 Filhas essas que se fortalecem em ruas,aprendem a se curar sozinhas meninas que aprendem a ser mulheres do dia para noite.
 Meninas que apreendem ser viajantes de um mundo hostil,mundo esse negado pelos familiares.
 Essas meninas aprendem na pratica sobre geo-política, aprendem sobre dinâmica de população índices de violência, estáticas de criminalidade e aumento da desigualdade, essas mulheres aprendem sobre termodinâmica ou equilíbrio térmico na pele,quando elas têm que ficarem nas ruas para sobreviver.
 A lei de Lavosier, acaba sendo vivenciado na pele " Na natureza nada cria nada se perde,tudo se transforma" , sim ,essas meninas diariamente se transformam para RESISTIR a algo que foi privado pelas famílias que muitas vezes sobrem a cegueira de dogmas religiosos as condenam.
 Afinal "DEUS CRIOU O HOMEM E A MULHER" calma, quem disse que não somos mulheres?
 Eu sou mulher eu só nasci sem útero como algumas mulheres por problemas de saúde também retiram.
 Enfim senhores governantes e militantes nos ajudem a ter o IDH ( o índice desenvolvimento Humanos) das pessoas cis,quero junto com minhas irmas mulheres-trans viver mais de 35 anos.
 Quando falar em reforma trabalhista, levar em consideração que muitas de nos,não temos nem 1 dia de contribuição,porque o direito a empregabilidade no mercado formal desse NEOLIBERALISMO , é negado a minha população.
 Quero poder ter o direito de ter acesso a saúde com o nome que EU escolher.
 Defensoria Publica,olhe por nos e por toda nossa vulnerabilidade, senhores Promotores não deixem o caso Dandara ser esquecido,não quero casos de outras Dandaras se multiplicando,sendo mortas covardemente, a socos,pauladas,ponta-pés.
 A vocês senhores políticos não vire o rosto para nós pois algumas de nós somos eleitoras,algumas mulheres trans nao tem sequer documentos básicos, até quando senhores deputados nós mulheres-trans vamos deixar de existir?
 Sou Renata Borges Branco,uma filha,irmã, prima, sobrinha,tia ,amiga e mulher-trans e hoje faço parte da luta de resistência desse movimento.
# Quero viver.
#Quero sobreviver.
#Quero ser protagonista da minha historia






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